sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

XX Feira do Fumeiro e Presunto de Barroso - Montalegre - 27-30 Jan.



A Feira do Fumeiro e Presunto de Barroso nasceu timidamente em 1992. Porém, o arranque foi difícil. Tudo porque, tradicionalmente, só os "pobres" vendiam os presuntos e as chouriças produzidas em casa, na maioria das vezes de forma escondida. Os produtores que poderiam dispensar fumeiro para venda sentiam-se envergonhados em fazê-lo publicamente. De uma forma estratégica aliado a um bom senso, a comissão organizadora redesenhou um novo modelo do projecto: ia a casa dos produtores buscar os produtos. Pesava os produtos e atribuía-lhes um preço. Depois vendia-os sem referência ao nome do seu produtor, apenas com um código que só ela própria conhecia e, posteriormente, entregava ao produtor o dinheiro resultante da venda. Este modelo vingou durante os dois primeiros anos. A partir do terceiro ano alguns produtores começaram a permitir que o seu nome fosse colocado nos rótulos dos produtos. Só a partir de 1999 foi possível organizar uma Feira do Fumeiro onde todos os produtores estivessem presentes.

A opção estratégica da Câmara de Montalegre em realizar a Feira do Fumeiro está sustentada na convicção de que o fumeiro e o presunto, que sempre se produziram nesta região, eram de alta qualidade e tinham um nicho de mercado capaz de os absorver. No entanto, é inquestionável que o sucesso crescente da Feira do Fumeiro e Presunto de Barroso e das dinâmicas que lhe estão adjacentes se deve, sobretudo, à metodologia de organização utilizada, assente sempre num modelo de gestão e avaliação participativa. Esta metodologia permitiu responsabilizar os produtores pela qualidade dos produtos vendidos e devolveu-lhes a auto-confiança e a auto-estima, enquanto actores privilegiados de todo o processo.
 

domingo, 23 de janeiro de 2011

Portão da Quinta do Crasto


Quem percorre a Estrada Nacional 101 de Monção para Valença, quase na divisória dos dois concelhos e das freguesias vizinhas de Lapela e Friestas, depara-se subitamente com uma imponente frontaria de granito que tem desafiado o decurso dos séculos. É o celebrado portão da Quinta do Crasto, ou de Castro. A grandiosidade do portão contrasta com o resto da propriedade que terá pertencido à aristocrática família  Pimenta de Castro.
À escassez de informação credível sobre a misteriosa quinta, contrapõe-se a lenda e a sabedoria popular consubstanciada em duas narrativas que, como todas as lendas, enfermam de escassa credibilidade. A primeira é que na freguesia vizinha de Gondomil, dois homens envolveram-se numa contenda por causa dos marcos que dividiam as respectivas propriedades.À boa maneira do norte, o homem que se considerava roubado, puxou da enxada e desferiu um golpe na cabeça do vizinho, matando-o. Entretanto foram chamados os guardas da Rainha para prender o homicida. Este, conhecedor dos direitos e privilégios do Portão da Quinta do Crasto, fugiu e dirigiu-se para ali perseguido pelos guardas e pela população. Chegando lá, agarrou-se ao portal conseguindo eximir-se à justiça porquanto, todos aqueles que se protegessem junto do portal expiavam os crimes cometidos.
A segunda reza que, perante a ameaça das tropas napoleónicas que invadiram Portugal pelo Norte, os proprietários da nobre Quinta reuniram todo o dinheiro e jóias que possuíam e entregaram o fabuloso tesouro a um fiel criado incumbindo-o de o colocar em segurança. O criado apareceu mais tarde morto mas do tesouro nunca mais se soube, o que leva a considerar duas hipóteses: uma que teria o fiel servo escondido o tesouro em local seguro e levado o segredo do seu esconderijo para a eternidade, outra que aponta a possibilidade de ter sido morto e roubado pelos invasores.

N. B. - Este texto é da autoria de Boaventura Eira-Velha, do blogue "Memórias".

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Festa das Fogaceiras - 20 Janeiro - Stª. Mª. da Feira



A Festa das Fogaceiras teve origem num voto ao mártir S. Sebastião, em 1505, altura em que a região foi assolada por um surto de peste que dizimou parte da população. Em troca de protecção, o povo prometeu ao santo a oferta de um pão doce chamado fogaça. S. Sebastião, que segundo a lenda padeceu de todos os sofrimentos aquando do seu martírio em nome da fé cristã, tornou-se, assim, o santo padroeiro de todo o condado da Feira. No cumprimento do voto, os ofertantes incorporavam-se numa procissão que saía do Paço dos Condes e seguia pela Igreja do Convento do Espírito Santo (Lóios), onde eram benzidas as fogaças, divididas em fatias, posteriormente repartidas pelo povo. Assim nasceu a Festa das Fogaceiras, chegando até aos nossos dias com dois traços essenciais: a realização da missa solene, com sermão, precedida da bênção das fogaças, celebrada na Igreja Matriz, e a procissão, que sai da Igreja Matriz, percorrendo algumas ruas da cidade.
Com a proclamação da República, acrescentou-se um novo ritual: a formação de um cortejo cívico, a partir dos Paços do Concelho rumo à Igreja Matriz, antes da missa solene, que integra as meninas “fogaceiras”, que levam as fogaças à cabeça, bem como as autoridades políticas, administrativas, judiciais e militares e personalidades de relevo na vida municipal.
A procissão festiva realiza-se a meio da tarde e congrega símbolos religiosos, com destaque para o mártir S. Sebastião, bem como uma representação civil, com símbolos autárquicos, económicos, sociais e culturais de cada uma das 31 freguesias do concelho, numa curiosa mistura entre o civil e o religioso.
No cortejo e procissão as atenções recaem, naturalmente, sobre as fogaceiras, segundo a tradição “crianças impúberes”, provenientes de todo o concelho, vestidas e calçadas de branco, cintadas com faixas coloridas, que levam à cabeça as fogaças do voto, coroadas de papel de prata de diferentes cores, recortado com perfis do castelo.
Inicialmente, as “fogaças do voto” eram distribuídas pela população em geral, depois pelos pobres e mais tarde pelos presos, pobres e personalidades concelhias, em fatias chamadas “mandados”. Actualmente, são entregues às autoridades religiosas, políticas e militares que têm jurisdição sobre o município de Santa Maria da Feira.
Manda a tradição que, por ocasião da Festa das Fogaceiras, os feirenses enviem fogaças aos familiares e amigos que se encontram longe.
A fogaça é um pão doce tradicional de Santa Maria da Feira, cujas primeiras referências conhecidas aparecem nas inquirições de D. Afonso III, no século XIII (1254/1284) e que era usada como pagamento de foros. O seu formato estiliza a torre de menagem do castelo com os seus quatro coruchéus. A fogaça é cozida diariamente em várias casas de fabrico do concelho e distingue-se por tradicionais aprestos, quer no preparo, quer na forma como vai ao forno. Os ingredientes base utilizados na confecção desta iguaria são água, fermento, farinha, ovos, manteiga, açúcar e sal.
https://www.cm-feira.pt/portal/site/cm-feira

domingo, 2 de janeiro de 2011

Presépio ao vivo de Priscos (Braga)




Termina já no próximo fim-de-semana (8 e 9 de Janeiro) aquele que é considerado o maior presépio vivo da Europa. Com 600 figurantes, na sua maioria residentes na freguesia, o presépio é uma espécie de viagem ao tempo de Jesus Cristo com cenários referentes à cultura egípcia, romana e judaica. A organização do evento é um projecto entre a Paróquia de S. Tiago de Priscos e a comunidade, tendo contado com a prestigiante visita de D. Jorge Ortiga e do Núncio Apostólico em Portugal, D. Rino Passigato.

Apesar  da  boa vontade e entreajuda dos organizadores, a tentativa de chegar ao rigor histórico, acho que esta quinta edição do Presépio Vivo deveria ser futuramente melhor planeada. Gente a mais para o recinto (30 mil metros quadrados),  falta  de estacionamento, sinalização  insuficiente, ruas com tráfego congestionado, obrigatoriedade dos visitantes em fazerem o    percurso total dentro do recinto e poucas saídas de emergência.